quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

TDAH

O que é o TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.


Existe mesmo o TDAH?

Ele é reconhecido oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na escola.


Não existe controvérsia sobre a existência do TDAH?

Não, nenhuma. Existe inclusive um Consenso Internacional publicado pelos mais renomados médicos e psicólogos de todo o mundo a este respeito. Consenso é uma publicação científica realizada após extensos debates entre pesquisadores de todo o mundo, incluindo aqueles que não pertencem a um mesmo grupo ou instituição e não compartilham necessariamente as mesmas idéias sobre todos os aspectos de um transtorno.


Por que algumas pessoas insistem que o TDAH não existe?

Pelas mais variadas razões, desde inocência e falta de formação científica até mesmo má-fé. Alguns chegam a afirmar que “o TDAH não existe”, é uma “invenção” médica ou da indústria farmacêutica, para terem lucros com o tratamento.

No primeiro caso se incluem todos aqueles profissionais que nunca publicaram qualquer pesquisa demonstrando o que eles afirmam categoricamente e não fazem parte de nenhum grupo científico. Quando questionados, falam em “experiência pessoal” ou então relatam casos que somente eles conhecem porque nunca foram publicados em revistas especializadas. Muitos escrevem livros ou têm sítios na Internet, mas nunca apresentaram seus “resultados” em congressos ou publicaram em revistas científicas, para que os demais possam julgar a veracidade do que dizem.

Os segundos são aqueles que pretendem “vender” alguma forma de tratamento diferente daquilo que é atualmente preconizado, alegando que somente eles podem tratar de modo correto.
Tanto os primeiros quanto os segundos afirmam que o tratamento do TDAH com medicamentos causa conseqüências terríveis. Quando a literatura científica é pesquisada, nada daquilo que eles afirmam é encontrado em qualquer pesquisa em qualquer país do mundo. Esta é a principal característica destes indivíduos: apesar de terem uma “aparência” de cientistas ou pesquisadores, jamais publicaram nada que comprovasse o que dizem.

Veja um texto a este respeito e a resposta dos Professores Luis Rohde e Paulo Mattos:

Why I Believe that Attention Deficit Disorder is a Myth

Porque desinformação, falta de raciocínio científico e ingenuidade constituem uma mistura perigosa


O TDAH é comum?

Ele é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ele ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.


Quais são os sintomas de TDAH?

O TDAH se caracteriza por uma combinação de dois tipos de sintomas:

1) Desatenção
2) Hiperatividade-impulsividade

O TDAH na infância em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais crianças, pais e professores. As crianças são tidas como "avoadas", "vivendo no mundo da lua" e geralmente "estabanadas" e com "bicho carpinteiro" ou “ligados por um motor” (isto é, não param quietas por muito tempo). Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes com TDAH podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo, dificuldades com regras e limites.

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente considerados “egoístas”. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão.


Quais são as causas do TDAH?

Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil - demonstrando que a prevalência do TDAH é semelhante em diferentes regiões, o que indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos psicológicos.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH têm alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela capacidade de prestar atenção, memória, autocontrole, organização e planejamento.

O que parece estar alterado nesta região cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam informação entre as células nervosas (neurônios).
Existem causas que foram investigadas para estas alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões.


A) Hereditariedade:

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma predisposição ao TDAH. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de observações de que nas famílias de portadores de TDAH a presença de parentes também afetados com TDAH era mais freqüente do que nas famílias que não tinham crianças com TDAH. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de recorrência familial).

Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. Foi preciso, então, comprovar que a recorrência familial era de fato devida a uma predisposição genética, e não somente ao ambiente. Outros tipos de estudos genéticos foram fundamentais para se ter certeza da participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas, verificando se há diferença na presença do TDAH entre os dois grupos de pais. Eles mostraram que os pais biológicos têm 3 vezes mais TDAH que os pais adotivos.

Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos (bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do TDAH (presença ou não, tipo, gravidade etc...). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem mais nos sintomas de TDAH do que os fraternos, a única explicação é a participação de componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.). Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas características, maior é a influência genética para a doença. Realmente, os estudos de gêmeos com TDAH mostraram que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz "concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que evidencia uma importante participação de genes na origem do TDAH.

A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do TDAH foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que no TDAH, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais, nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas características físicas, também). Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do TDAH". Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si, somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva) e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de TDAH.


B) Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoolistas têm mais chance de terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas não mostram uma relação de causa e efeito.


C) Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com TDAH. A relação de causa não é clara. Talvez mães com TDAH sejam mais descuidadas e assim possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior presença de problemas no parto.


D) Exposição a chumbo:

Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar sintomas semelhantes aos do TDAH. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com TDAH, já que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica.


E) Problemas Familiares:

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do TDAH nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).

Problemas familiares podem agravar um quadro de TDAH, mas não causá-lo.


F) Outras Causas

Outros fatores já foram aventados e posteriormente abandonados como causa de TDAH:

1. corante amarelo
2. aspartame
3. luz artificial
4. deficiência hormonal (principalmente da tireóide)
5. deficiências vitamínicas na dieta.


Todas estas possíveis causas foram investigadas cientificamente e foram desacreditadas.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

ADULTOS HIPERATIVOS: PORQUE UM DIA ESTAS CRIANÇAS VÃO CRESCER...


Hoje, graças à ampla divulgação a respeito do TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), que também é conhecido como DDA ou simplesmente hiperatividade (no jargão popular), muitas crianças têm se beneficiado do seu tratamento, o que evidentemente melhora seu rendimento escolar e social, afetando de maneira positiva a auto-estima.

Essas crianças, antes desatentas, que não conseguiam transformar em resultado o grande potencial intelectual que possuem, têm seu futuro mudado graças ao tratamento cada dia mais disponível. Muitas também são impulsivas, de difícil convivência. Algumas desenvolvem transtornos de conduta e transtorno opositor desafiador, o que afeta diretamente suas relações interpessoais, gerando rejeição e piora do problema. O tratamento tem sido decisivo na prevenção de tais sintomas.

Entretanto, o fato mais interessante a ser discutido é que estas crianças obviamente um dia crescem, e temos observado que de 60% a 80% dos casos de TDAH na infância permanecem na vida adulta. Desse modo, estima-se que de cada 100 adultos, 4 possuem TDAH. Estes dados são alarmantes, já que esses adultos que nunca foram diagnosticados (até mesmo porque o problema não era divulgado de maneira ostensiva há alguns anos atrás) são seriamente afetados pelas limitações que o TDAH impõe e, assim como as crianças, esses adultos também não conseguem muitas vezes transformar em resultados seu potencial criativo.

O diagnóstico do TDAH em adultos, assim como nas crianças, é feito pelo médico através da história clínica do paciente. A avaliação médica é imprescindível, uma vez que muitos transtornos neuropsiquiátricos, que também cursam com hiperatividade física e mental, não são TDAH e podem ser erroneamente diagnosticados como tal por profissionais não habilitados ou inexperientes.

Adultos que frequentemente têm dificuldades para manter atenção em palestras ou atividades; são inquietos; distraídos; frequentemente parecem não estar prestando atenção quando lhe é falado diretamente; têm dificuldades em organizar tarefas e atividades, errando por desatenção ou descuido; perdem coisas necessárias para tarefas cotidianas; "fogem" de situações em que precisam ter muita concentração ou que exijam esforço mental constante, podem ter TDAH.

O diagnóstico e tratamento do TDAH em adultos abre novos horizontes para essas pessoas. Influencia de maneira positiva todas as esferas de suas vidas. O adulto que tem TDAH, quando tratado, tem melhora do seu rendimento profissional, melhora suas relações sociais e afetivas, melhora sua impulsividade; gerando mais autoconfiança e melhorando sua auto-estima.

Somente quem tem o transtorno sabe a dificuldade que é viver num mundo tão competitivo e conviver com estas dificuldades e limitações. Vale a pena procurar tratamento. Nunca é tarde para resolver antigos problemas.[14]


Por Walker R da Cunha - Médico, psicoterapeuta, conferencista e autor de diversos artigos na área de comportamento e saúde de grande repercussão.

Clínica Medicina do Comportamento - RJ
www.medicinadocomportamento.com.br

Leia a resenha a respeito das crianças hiperativas, publicada ontem.

Transtorno de Déficit de Atenção em Adultos

O Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade é uma das condições neurológica e de desenvolvimento mais estudadas. Em termos gerais, desatenção, impulsividade e hiperatividade são os sintomas de Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade, o qual, acreditava-se anteriormente, acometia apenas as crianças. Hoje já se reconhece que o Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade é uma condição crônica, que persiste na vida adulta.

Entre a infância, adolescência e fase adulta há uma mudança no quadro clínico e nos sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade e, embora a hiperatividade e a impulsividade diminuam com o passar dos anos, as dificuldades de atenção persistem ao longo do tempo.

É comum as crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade terem também um dos pais com esse problema. Isso ocorre porque, infelizmente, como tantas outras características, também essa é uma condição genética em cerca de 80% dos casos.

Desde a primeira descrição desse distúrbio de atenção, no início do Século XX, essa condição clínica recebeu diversas denominações ao longo do tempo. Já foi chamada de Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome da Criança Hiperativa, Distúrbio Primário da Atenção, e Distúrbio do Déficit de Atenção com ou sem hiperatividade.

Desde o início de sua observação até hoje, os estudos sobre o Distúrbio de Déficit de Atenção se referem às crianças em sua expressiva maioria. Isso porque os critérios diagnósticos para Distúrbio de Déficit de Atenção, de acordo com o DSM-IV, referem características mais comumente observáveis em crianças. Por essa razão os adultos com o diagnóstico de Distúrbio de Déficit de Atenção acabam não preenchendo tais critérios.

Em 1980 o DSM-III (classificação norte-americana de transtornos mentais) passou a utilizar a denominação Distúrbio do Déficit de Atenção e, com essa mudança, o transtorno não foi mais obrigatoriamente associado à hiperatividade, mas sim, às dificuldades de atenção. Hoje, parece mais consensual que nas meninas o tipo clínico mais comum é sem hiperatividade (Tipo Predominantemente Desatento) e nos homens, mais freqüente os quadros com hiperatividade.

Durante muitos anos acreditou-se também que os sintomas de TDAH geralmente desaparecessem espontaneamente no final da adolescência. De fato, existe uma tendência da hiperatividade declinar com o passar dos anos, mas os sintomas de desatenção tendem a persistir. Na verdade também a hiperatividade nem sempre a desaparece, ela apenas evolui de acordo com a idade, havendo uma “domesticação” do comportamento hiperativo. O comportamento hiperativo é substituído por atitudes de estar sempre andando de um lado para outro, de fazer tudo como se estivesse com muita pressa, de não conseguir deixar as mãos paradas e assim por diante.

Hoje em dia alguns autores acreditam que o Distúrbio de Déficit de Atenção persiste em aproximadamente 50 a 70% dos casos na idade adulta, embora o quadro clínico sofra algumas modificações com o passar do tempo (Wender, 1995).

Apesar do Distúrbio de Déficit de Atenção acometer entre 3 e 5 % das crianças, sendo considerada uma das patologias psiquiátricas mais freqüentes nesse grupo etário, pouco se sabe de sua real prevalência em adultos. Embora esse transtorno tenha sido raramente diagnosticado até recentemente em adultos, estima-se que 30 a 60% dos casos tenha seus sintomas persistidos na idade adulta, sendo sua prevalência estimada em 1 a 2%.

Quadro Clínico

O Adolescente com TDA/H

As diferenças do adolescente com TDA/H decorrentes do próprio amadurecimento, da faixa etária e da fase da vida. O adolescente com déficit de atenção têm dificuldade de ficar concentrado nas aulas, em leituras, principalmente se não tiver nenhum interesse pelos temas das aulas.

Outra característica é a grande dificuldade em completar tarefas. Alguns desses adolescentes iniciam várias atividades, mas persistem poucas. Habitualmente eles são desorganizados, esquecem compromissos, trabalhos, vivem sempre à procura das coisas que não sabe onde deixou, não se lembram onde deixaram seus óculos, chaves, etc.

É muito marcante a tendência que os pacientes com TDA/H têm em fazer várias coisas ao mesmo tempo, muito embora dificilmente completem alguma dessas coisas. São, concomitantemente, impacientes e inquietos, em constante busca de novidades e fortes emoções, como esportes radicais e outros desafios.

A ousadia também pode estar presente na forma de conduzirem motos ou carros de forma perigosa, expondo-se freqüentemente a acidentes. Além disso, podem fazer uso abusivo de álcool ou drogas. Em geral os adolescentes com TDA/H procuram as drogas porque se sentem passageiramente melhor sob o efeito delas, embora sejam inadequadas como tratamento. Normalmente existe o mesmo distúrbio entre familiares do paciente com TDA/H, uma vez que esse problema tem um forte componente genético.

O quadro sintomático do Distúrbio de Déficit de Atenção pode ser dividido em 3 áreas: a atenção, o controle dos impulsos e a atividade motora. O sintoma mais exuberante, notadamente nas crianças, é o comportamental, ou seja, o descontrole impulsivo e a hiperatividade, mas o déficit da atenção costuma ser a manifestação mais duradoura e mais relacionada aos prejuízos sócio-ocupacionais. Como vivemos num mundo onde a produção é o passaporte para a vida em sociedade, os prejuízos sócio-ocupacionais acabam sempre sendo determinantes na busca de ajuda médica.

O Adulto com TDA/H

O adulto com TDA/H se caracteriza por um comportamento desatento, desconcentrado e facilmente distraído. Normalmente ele é pouco persistente no que faz, tendo dificuldade em completar suas tarefas, a ponto de alguns deles nunca terem conseguido ler um livro até o final.

Com um estilo de vida bastante desorganizado, normalmente esses pacientes esquecem de pagar contas em dia, são confusos e caóticos no trabalho, esquecem compromissos, não conseguem estabelecer prioridades. Isso tudo acaba ajudando esses pacientes a se atrasarem com muita freqüência aos compromissos.

Em geral eles são impacientes, tomam decisões precipitadas e, muitas vezes, se arrependem daquilo que fazem impulsivamente, são também inquietos, têm dificuldade em ficar quietos e quase sempre estão procurando coisas para fazer. São extrovertidos e falantes, monopolizam as conversas e a atenção dos demais, mas, por outro lado, costumam ser péssimos ouvintes.

Tal como os adolescentes, esses adultos são também impulsivos para dirigir. No trabalho têm um rendimento abaixo do que seriam capazes, mudam freqüentemente de emprego, de relacionamentos e/ou de residência. São muito emotivos, têm freqüentes oscilações do humor e se irritam com facilidade.

Atenção
Para entendermos as alterações na atenção temos de rever a questão da vigilância e da tenacidade (veja Psicopatologia da Atenção). A tenacidade é a propriedade de manter a Atenção orientada de modo permanente em determinado sentido. A vigilância é a possibilidade de desviar a Atenção para um novo objeto, especialmente para um estímulo do meio exterior. Essas duas qualidades da Atenção se comportam, geralmente, de maneira antagônica, ou seja, quanto mais tenacidade sobre um determinado objeto está se dedicando, menos vigilante estamos em relação à eventuais estímulos a serem apreendidos.

Em adultos as alterações da Atenção aparecem na forma dos sinais abaixo listados. Esses sinais também podem aparecer em pessoas sadias, mas nos portadores de Distúrbio de Déficit de Atenção são exagerados:
A pessoa comete erros por puro descuido, não presta muita atenção nos detalhes, negligencia nos deveres escolares, no trabalho, ou em outras atividades;

- Mostra dificuldade em atividades que exijam uma atenção prolongada, tal como nas tarefas ou nos jogos;
- Mostra dificuldade em manter a atenção com a fala das outras pessoas, parece não escutar o que lhe falam;
- A pessoa é pouco persistente, não completa tarefa, não obedece às instruções passo a passo e não completa deveres, ou tarefas no trabalho, por impaciência ou falta de persistência;
- Apresenta um estilo de vida desorganizado, tem dificuldade em ser organizado em trabalhos ou outras atividades, em controlar o talão de cheques, contas, etc;
- Costumeiramente perde objetos ou pertences, como chaves, canetas, óculos, etc;
- Qualquer estímulo desvia sua atenção do que está fazendo, evita e se mostra relutante a envolver-se em tarefas que exigem um esforço mental prolongado, tais como deveres escolares ou trabalhos de casa;
- Muda freqüentemente de uma atividade para outra, quase sempre sem completar a anterior;
- Vive freqüentemente atrasada;
- Sofre a ocorrência de "brancos" durante uma leitura, conversa ou conferência.

Hiperatividade
Quanto à hiperatividade, esta se manifesta como uma espécie de reatividade psicomotora exagerada aos estímulos, uma desinibição da resposta motora, ou uma deficiência no controle da psicomotricidade. Nos adultos a hiperatividade pode ser bem menos marcante que nas crianças. Na adolescência, a hiperatividade diminui, enquanto que o déficit de atenção, a impulsividade e a desorganização permanecem como os sintomas predominantes.
Os sinais da hiperatividade observados em adultos e em grau capaz de comprometer a adaptação e o desenvolvimento costumam ser os seguintes:

- Apresenta uma sensação subjetiva constante de inquietação ou ansiedade, com dificuldade em brincar ou praticar qualquer atividade de lazer sossegadamente;
- Busca freqüentemente situações estimulantes, muitas vezes que implicam risco, podendo correr ou subir em locais inadequados.
- Costuma fazer diversas coisas ao mesmo tempo, como, por exemplo, ler vários livros;
- Está sempre mexendo com os pés ou as mãos ou se revira na cadeira;
- Fala quase sem parar, e tem tendência a monopolizar as conversas;
- Mostra necessidade de estar sempre ocupado com alguma coisa, com freqüência está preocupado com algum problema seu ou de outra pessoa, freqüentemente está muito ocupado ou freqüentemente age como se estivesse "elétrico";
-Não permanece sentado por muito tempo, levanta-se da cadeira na sala de aula ou em outras situações nas quais o esperado é que ficasse sentado;

Impulsos
Em relação ao controle dos impulsos, o que parece acontecer é uma dificuldade na manutenção da inibição social e comportamental normais, uma alteração neurobiológica do autocontrole.
As características do déficit de controle dos impulsos em adultos com Distúrbio de Déficit de Atenção se apresentam da seguinte forma:

- A pessoa responde antes de ouvir a pergunta toda;
- Age por impulso em relação a compras, decisões em assuntos importantes, em rompimento de relacionamentos, e por vezes se arrepende logo depois;
- Apresenta reações em curto-circuito, com rápidas e passageiras explosões de raiva, tipo "pavio curto";
- Dirige perigosamente;
- É de uma espontaneidade excessiva, chegando às raias da falta de tato e de cerimônia.
- É hiper-sensível à provocação, crítica ou rejeição;
- É impaciente e tem grande dificuldade de esperar;
- Mostra baixa tolerância à frustração;
- Não consegue se conter, reagindo mesmo quando a situação não o atinge diretamente ou quando sua reação pode prejudicá-lo;
- Sofre oscilações bruscas e repentinas do humor, quase sempre de curta duração;
- Tem tendência a explosões histéricas;
- Tem um mau humor fácil;

Com essas características comportamentais justifica-se o estresse das famílias desses pacientes, principalmente levando-se em conta o prejuízo nas atividades escolares, ocupacionais, vocacionais e sociais. Isso sem contar, considerando o próprio paciente, os efeitos negativos em sua auto-estima, normalmente muito rebaixada.
As conseqüências existenciais do com Distúrbio de Déficit de Atenção, principalmente em adultos, seriam:

- Adiamento crônico de qualquer tarefa ou compromisso, ou seja, dificuldade de dar a partida;
- Alcoolismo e abuso de drogas;
- Baixa auto-estima e um sentimento crônico de incapacidade e pessimismo;
- Demora tempo excessivo na execução de algum trabalho, devido em parte ao sentimento de insuficiência.
- Difícil sociabilidade, dificuldade em manter os relacionamentos duradouros;
- Tendência a culpar as outras pessoas;

Além disso, são muitos os estudos que mostram um risco aumentado de desenvolverem outros transtornos psiquiátricos na infância nas crianças com essa síndrome, juntamente com a comorbidade (concomitância) de outros transtornos também nos adolescentes e nos adultos. Entre essas eventuais alterações psíquicas as mais temerárias seriam o comportamento anti-social, abuso ou dependência de álcool e drogas, transtornos sérios do humor e de ansiedade.
Outros traços podem fazer parte da personalidade do portador de Distúrbio de Déficit de Atenção. Entre esses traços estaria presente a tendência à caligrafia ruim, dificuldades de coordenação motora, dificuldades no adormecer e de despertar, sendo pessoas que adormecem e despertam tarde, maior sensibilidade a ruídos e ao tato, síndrome pré-menstrual mais acentuada, dificuldade de orientação espacial e na leitura de mapas, deficiência na avaliação do tempo.

Diagnóstico
O diagnóstico do Distúrbio de Déficit de Atenção, como sempre deveria ser em medicina, repousa em dois grandes aspectos: o quadro clínico, com a observação de sintomas na idade adulta, juntamente com a história de eventuais sintomas apresentados na infância. Portanto, o diagnóstico é fundamentalmente clínico.
Para o diagnóstico de Distúrbio de Déficit de Atenção na idade adulta alguns autores têm sugerido o seguinte:

História infantil compatível com o transtorno do adulto;
Ausência de transtorno de personalidade anti-social, esquizotípica ou borderline,
Ausência de transtornos do humor, esquizofrenia e transtornos esquizoafetivos;
Dois dos seguintes sintomas:
4.1 - déficit de atenção,
4.2 - hiperatividade,
4.3 - labilidade emocional,
4.4 - incapacidade de cumprir uma tarefa inteira,
4.5 - temperamento explosivo,
4.6 - impulsividade,
4.7 - intolerância ao estresse

Para o diagnóstico no adulto Brown (1995) propôs critérios baseados nos aspectos nucleares do transtorno, que seriam cognitivos e emocionais:

- Ativação e organização no trabalho: dificuldade em iniciar tarefas, organizar-se, estimular-se sozinho para rotinas diárias.
- Sustentação da atenção: dificuldades para manter a atenção nas tarefas, distração ou "sonhos acordados" excessivos durante o dia, em especial enquanto está ouvindo ou lendo por obrigação.
- Manutenção da energia e do esforço: dificuldades em manter um nível consistente de energia e esforço nas tarefas, sonolência diurna, cansaço mental.
- Labilidade do humor e hipersensibilidade à crítica: irritabilidade variável e não desencadeada por fatores externos, aparente falta de motivação, rancor exagerado.
- Dificuldades de memória: dificuldades na recuperação de material recente (nomes, datas, fatos) e remoto.


Devido (também) a esses problemas, os portadores de Distúrbio de Déficit de Atenção têm baixa auto-estima, sentem-se desmoralizados, fracassados e superados pelos seus pares. A comorbidade com esse transtorno ocorre com dificuldade no aprendizado, depressão, irritabilidade e abuso de substâncias.

De qualquer forma, existe um consenso de que o diagnóstico de Distúrbio de Déficit de Atenção deva ser clínico, ou seja, fundamentalmente baseado na observação dos sinais e sintomas e na importância da história clínica. Em relação à essa última, devem ser entrevistados membros da família, ou pessoas que convivam de perto do paciente (professores, chefes no serviço...), tendo em vista o fato comum da falta de insight desses pacientes.

A performance escolar desses pacientes deve ser sempre investigada com atenção, tendo-se em mente que, embora possa haver baixo rendimento escolar, não é raro que essas pessoas sejam bem dotadas intelectualmente. Também devemos levar em consideração que, como em qualquer outro transtorno médico, existe a possibilidade de uma gama variável de intensidade do quadro clínico, de casos bastante leves ou discretos, até os mais graves e com profundo comprometimento funcional.

O diagnóstico atual de Distúrbio de Déficit de Atenção pelo DSM-IV enfatiza a possibilidade de haver uma forma predominantemente (a) - desatenta, uma predominantemente (b) - hiperativa e uma forma (c) - mista, reconhecendo que os sintomas estão presentes antes dos sete anos de idade. Mas há ainda a possibilidade do diagnóstico de Distúrbio de Déficit de Atenção "em remissão parcial" para adolescentes e adultos que não preenchem os critérios plenos, devido a uma atenuação da sintomatologia. Os sintomas encontrados nos adultos são, geralmente, bem menos floridos que em crianças.

Comorbidade
Num trabalho de Millstein, Wilens, Biederman e Spencer em 1998, foram examinados 149 adultos com Distúrbio de Déficit de Atenção. Em 97% deles foram assinaladas de uma a quatro condições psiquiátricas comórbidas (concomitantes). Esses dados são extremamente importantes, na medida em que permitem deduzir que o tratamento exclusivo da outra condição psiquiátrica comórbida sem o adequado tratamento para o Distúrbio de Déficit de Atenção resultará em resultados insatisfatórios.
Com freqüência se associam ao Distúrbio de Déficit de Atenção os seguintes transtonos emocionais:

a - Distúrbios depressivos, geralmente a distimia ou quadros depressivos intermitentes
b - Distúrbios ansiosos, comumente o distúrbio da ansiedade generalizada, o distúrbio do pânico, quadros
fóbicos, obsessivos e o distúrbio de Tourette.
c - Alcoolismo e abuso de drogas.
d - Distúrbios anti-sociais.
e - Distúrbios delirantes.

Etiologia
Importante para o diagnóstico lembrar que o Distúrbio de Déficit de Atenção é uma condição que acompanha a pessoa desde sempre, é constitucional e inerente à biologia da pessoa, portanto, ninguém adquire Distúrbio de Déficit de Atenção. A pessoa É portadora de Distúrbio de Déficit de Atenção, ela não ESTÁ com Distúrbio de Déficit de Atenção.

A maioria dos trabalhos recentes sobre Distúrbio de Déficit de Atenção encontra evidências de que se trata de um distúrbio neurobiológico. Alguns apontam para um eventual déficit de neurotransmissores, e outros dão ênfase ao déficit funcional do lobo frontal, mais precisamente do córtex pré-frontal.

Entre os neurotransmissores envolvidos no Distúrbio de Déficit de Atenção a dopamina (DA) e a noradrenalina (NA) teriam papel de destaque. Não parece haver participação da serotonina no Distúrbio de Déficit de Atenção.

A favor dessa hipótese está o fato dos medicamentos que aumentam as quantidades de DA e NA no cérebro serem capazes atenuar os sintomas do Distúrbio de Déficit de Atenção, enquanto os antidepressivos que aumentam a serotonina (como a fluoxetina) não parecem ter bom efeito sobre esses sintomas.

Quanto ao eventual comprometimento do lobo frontal e de estruturas subcorticais (núcleo caudado e putamen) com ele relacionadas no Distúrbio de Déficit de Atenção, as técnicas especiais de neuro-imagem têm revelado alguns resultados promissores.

Acredita-se que os lobos frontais tenham uma função executiva, importantes para a capacidade de iniciar, manter, inibir e desviar a atenção.

Portanto, seria tarefa dos lobos frontais o gerenciamento das informações recebidas, a integração da experiência atual com a experiência passada, o monitoramento do comportamento presente, a inibição das respostas inadequadas, e a organização e planejar de metas futuras. Podemos compreender dessa forma muitas das manifestações de Distúrbio de Déficit de Atenção como resultado de uma deficiência funcional do lobo frontal.

Evidenciou-se ainda, uma simetria anormal do córtex pré-frontal de pacientes com Distúrbio de Déficit de Atenção. Normalmente o córtex pré-frontal direito é ligeiramente maior que o esquerdo mas, nesses pacientes, haveria uma redução do córtex pré-frontal direito (Barkley, 1997).

Estudos diversos com gêmeos e com crianças adotadas sugerem fortemente que o Distúrbio de Déficit de Atenção é um distúrbio genético ou, no mínimo, constitucional. Tem sido extremamente comum vermos pacientes com Distúrbio de Déficit de Atenção e histórias familiares com ocorrência do mesmo distúrbio em pais ou irmãos. Recentemente acredita-se que o uso de álcool, fumo e drogas durante a gestação sejam fatores peri-natais importantes para o desenvolvimento de Distúrbio de Déficit de Atenção.

Curso
A maioria dos pais observa pela primeira vez o excesso de atividade motora quando as crianças ainda estão engatinhando, freqüentemente coincidindo com o desenvolvimento da locomoção independente, mas o transtorno é mais comumente diagnosticado pela primeira vez durante as primeiras séries escolares, quando o ajustamento à escola está comprometido.

Um traço marcante do Distúrbio de Déficit de Atenção em adultos é sua evolução cambiante e inconstante, ou seja, ao longo dos anos o quadro clínico muda sua aparência, embora em segundo plano persistam sempre os sinais da tríade mencionada (desatenção, hiperatividade e impulsividade).

Na maioria dos casos observados nos contextos clínicos, o transtorno é relativamente estável durante o início da adolescência. Na maioria dos indivíduos, os sintomas atenuam-se durante o final da adolescência e idade adulta.

Assim sendo, tomando-se por base o Distúrbio de Déficit de Atenção em crianças, que é sua situação mais típica, com o passar do tempo costuma haver uma redução de 50% dos sintomas a cada 5 anos e, finalmente, apenas 8% das crianças se manterão sintomáticas (Hill e Schoener, 1996) na idade adulta. Mannuza (1998) encontrou dados semelhantes, constatando 4% para pacientes sintomáticos aos 25 anos de idade.

Outros adultos podem reter alguns dos sintomas, aplicando-se nestes casos um diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção, Em Remissão Parcial ou Residual, como preferem alguns autores. Weiss e Hechtman (1993) examinaram 25 pacientes aos 25 anos de idade e concluíram que 2/3 deles permanecia com um sintoma de Distúrbio de Déficit de Atenção, pelo menos. Esses achados sugerem fortemente que, embora possa ocorrer atenuação dos sintomas com o passar da idade, muitos adultos ainda permanecem sintomáticos.

O diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção em adulto aplica-se aos pacientes que não têm mais o transtorno com todos os seus aspectos clínicos característicos, mas que ainda retêm alguns sintomas suficientes para causarem prejuízo funcional.

Adultos portadores de Transtorno de Déficit de Atenção costumam ter sérios problemas com o trabalho, performance escolar bastante prejudicada e dificuldades nos relacionamentos interpessoais. Freqüentemente eles ficam entediados com as tarefas que exigem organização e planejamento.

Texto baseado predominantemente nos artigos:
Hiperatividade Déficit de Atenção Adultos de Sérgio Bourbon Cabral
Associação Brasileira de Déficit de Atenção
Transtornos de Déficit de Atenção em Adultos de Kátia Petribú, Alexandre Martins Valença, Irismar Reis de Oliveira


Questionario para diagnostico deTDAH :

Crianças e Adolescentes

O questionário abaixo é denominado SNAP-IV e foi construído a partir dos sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatística - IV Edição (DSM-IV) da Associação Americana de Psiquiátrica. Você também pode imprimir e levar para o professor preencher na escola. Esta é a tradução validada pelo GEDA – Grupo de Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ e pelo Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência da UFRGS.

IMPORTANTE: Lembre-se que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional.


[ SNAP - IV - Versão para impressão ]

Para cada item, escolha a coluna que melhor descreve o(a) aluno(a) (MARQUE UM X):


Nem um pouco Só um pouco Bastante Demais
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.



2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer



3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele



4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações.



5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades



6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado.



7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).



8. Distrai-se com estímulos externos



9. É esquecido em atividades do dia-a-dia



10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira



11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado



12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado



13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma



14. Não pára ou freqüentemente está a “mil por hora”.



15. Fala em excesso.



16. Responde as perguntas de forma precipitada antes delas terem sido terminadas



17. Tem dificuldade de esperar sua vez



18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).








Como avaliar:

1) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.

2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou adolescente.

O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A! Veja abaixo os demais critérios.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade.

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos sintomas.

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

Adultos

O questionário abaixo é denominado ASRS-18 e foi desenvolvido por pesquisadores em colaboração com a Organização Mundial de Saúde. Esta é a versão validada no Brasil.

A referência é: Mattos P, Segenreich D, Saboya E, Louzã M, Dias G, Romano M. Adaptação Transcultural para o Português da Escala Adult Self-Report Scale (ASRS-18, versão1.1) para avaliação de sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) em adultos. Revista Brasileira de Psiquiatria (in press).


IMPORTANTE: Lembre-se que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um profissional.

Por favor, responda as perguntas abaixo se avaliando de acordo com os critérios do lado direito da página. Após responder cada uma das perguntas, circule o número que corresponde a como você se sentiu e se comportou nos últimos seis meses.


1. Com que freqüência você comete erros por falta de atenção quando tem de trabalhar num projeto chato ou difícil?




2. Com que freqüência você tem dificuldade para manter a atenção quando está fazendo um trabalho chato ou repetitivo?




3. Com que freqüência você tem dificuldade para se concentrar no que as pessoas dizem, mesmo quando elas estão falando diretamente com você?




4. Com que freqüência você deixa um projeto pela metade depois de já ter feito as partes mais difíceis?




5. Com que freqüência você tem dificuldade para fazer um trabalho que exige organização?




6. Quando você precisa fazer algo que exige muita concentração, com que freqüência você evita ou adia o início?




7. Com que freqüência você coloca as coisas fora do lugar ou tem de dificuldade de encontrar as coisas em casa ou no trabalho?




8. Com que freqüência você se distrai com atividades ou barulho a sua volta?




9. Com que freqüência você tem dificuldade para lembrar de compromissos ou obrigações?




Parte A
1. Com que freqüência você fica se mexendo na cadeira ou balançando as mãos ou os pés quando precisa ficar sentado (a) por muito tempo?




2. Com que freqüência você se levanta da cadeira em reuniões ou em outras situações onde deveria ficar sentado (a)?




3. Com que freqüência você se sente inquieto (a) ou agitado (a)?




4. Com que freqüência você tem dificuldade para sossegar e relaxar quando tem tempo livre para você?




5. Com que freqüência você se sente ativo (a) demais e necessitando fazer coisas, como se estivesse “com um motor ligado”?




6. Com que freqüência você se pega falando demais em situações sociais?




7. Quando você está conversando, com que freqüência você se pega terminando as frases das pessoas antes delas?




8. Com que freqüência você tem dificuldade para esperar nas situações onde cada um tem a sua vez?




9. Com que freqüência você interrompe os outros quando eles estão ocupados?




Parte B


Como avaliar:

Se os itens de desatenção da parte A (1 a 9) E/OU os itens de hiperatividade-impulsividade da parte B (1 a 9) têm várias respostas marcadas como FREQUENTEMENTE ou MUITO FREQUENTEMENTE existe chances de ser portador de TDAH (pelo menos 4 em cada uma das partes).
O questionário ASRS-18 é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com os sintomas descritos na tabela! Veja abaixo os demais critérios.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos na tabela acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes desde precocemente (antes dos 7 ou 12 anos).

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2 contextos diferentes (por ex., no trabalho, na vida social, na faculdade e no relacionamento conjugal ou familiar).

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes por conta dos sintomas.

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental, psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Aqui alguns lugares publicos para tratamento doTDAH

Rio de Janeiro

•PAM – MATOSO (crianças e adolescentes)
Rua do Matoso, 96 - Pça da Bandeira
Rio de Janeiro - RJ
Tel: (21) 2273.0899 (maiores informações com a As. Social Luciana, 5ª de manhã)
Coordenadora: Dra. Katia Beatriz Correa e Silva
As inscrições estão suspensas temporariamente.

• CIPIA
Rua Sebastião Lacerda 70 - Laranjeiras
Rio de Janeiro, RJ
Tel: (21) 2285-6351
Coordenadora: Dra. Maria Antonia Serra Pinheiro


• GEDA - Grupo de Estudos de Déficit de Atenção

AS INSCRIÇÕES PARA TRIAGEM ESTÃO SUSPENSAS

Instituto de Psiquiatria - Universidade Federal do Rio de Janeiro

O GEDA é um centro de pesquisa, não é um ambulatório de atendimento regular a pacientes com TDAH.

Assim, como em outras áreas da Medicina, são utilizados protocolos de pesquisa previamente aprovados pelo Comitê de Ética que determinam quais pacientes podem ser incluídos nas pesquisas.

Saiba mais sobre o GEDA

Av. Venceslau Brás 71 – Campus da UFRJ (Ao lado do hospital Pinel)
Ambulatório do IPUB - CIPE NOVO – sala 5
Rio de Janeiro - RJ
CEP 22.290-140
Tels: (21) 2543-6970
Coordenador GEDA: Professor Paulo Mattos

• Santa Casa de Misericórdia (Crianças-adolescentes)
Rua Santa Luzia 206 - Centro
Rio de Janeiro - RJ
Tel: 21 2221 4896
Coordenador Santa Casa: Dr. Fábio Barbirato


São Paulo

• PRODATH - Projeto de Déficit de Atenção e Hiperatividade (adultos)
Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Rua Dr. Ovídio Pires de Campos, 225 - ambulatório térreo - HC - USP
Cerqueira César - SP
CEP: 05403-010
Tels: (11) 3088-4314 (MARCAÇÃO DE CONSULTAS) ou 3069-6971
Horário de atendimento: 8 às 16h
Coordenador: Dr. Mário Louzã Neto

• ADHDA - Ambulatório para Distúrbios Hiperativos e Déficit de Atenção (crianças e adolescentes)
Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência - HC - USP
Av. Dr. Ovídio Pires de Campo, s/n - CEP 05403-010
Telefone : (11) 3069-6509 ou 3069-6508
Coordenador: Dr. Ênio Roberto de Andrade


Paraíba

• Serviço de Psiquiatria Infantil (crianças e adolescentes)
Hospital Universitário de João Pessoa, 6º andar
Telefone: (83) 216-7201
Coordenador: Dr. Genário Barbosa


Porto Alegre

• PRODAH - Programa de Déficit de Atenção/Hiperatividade
Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência
Hospital de Clínicas de Porto Alegre - UFRGS
Rua Ramiro Barcelos 2350
Porto Alegre - RS
CEP 90035-003
www.ufrgs.br/prodah
Tel: 51-2101-8094
Coordenador: Dr. Luiz Rohde


Ribeirão Preto

• GEAPHI-Grupo de Estudos Avançados e Pesquisa em Hipercinesia (crianças e adolescentes até 13 anos)
Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Serviço de Psiquiatria da Infância - campus - Balcão 4 (rosa)
Coordenador: Dr. José Hércules Golfetto